segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Santa Rita Durão


               Resenha Literária:

Santa Rita Durão



Teve grande participação política. Foi orador e poeta além de ser considerado o criador do Indianismo no Brasil. Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Cata Preta - MG (1720-1784) e mudou-se para a Europa aos 11 anos de idade, onde “Santa Rita Durão foi influenciado por gerações: Embora pertença à geração de Claudio, é na de Gonzaga que escreve e publica Caramuru, um poema épico num estilo neocamoneano em que resquícios cultistas se misturam a traços da cosmovisão do seu tempo.” (pág.169)
Esse estilo neocamoneano envolvia tanto o Arcadismo ou Neoclassicismo quanto as influências de Camões. O período Neoclássico foi marcado por diversas influenciais e aspectos da antiguidade greco-romana em que pretendendo retomar o estilo clássico alguns de autores imitavam, não de uma forma pura, mas de uma nova maneira vivida naquele período.
Assim como os renascentistas, os escritores árcades seguindo esse objetivo, ou seja, de voltar ao Classicismo, observavam as considerações artísticas abordadas naquele período, como a razão e a ciência, conceitos oriundos do Iluminismo.
De suas produções poéticas, ficou o poema épico Caramuru (Lisboa, 1871) a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil feito à imitação direta de Os Lusíadas, de Camões imitando o poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades).
Durão representa considerações de tradições inseridas em ideias modernas e de ideias modernas vincadas pela tradição, encontrando nestas, condições favoráveis à sobrevivência. Tais tradição vivida na época, em um todo, agindo sobre o seu espirito, aproximou-o virtualmente dos contemporâneos dando hoje, segundo Antônio Cândido a ideia de um homem não apenas arcaizante puro e simples, mas um homem do seu tempo enquadrado na tradição épica.

O poema
O Caramuru é um poema épico narrativo que engloba a etnografia, história de diferentes culturas. Possui elementos tradicionais de heróis, relata o contato de povos diversos e aborda uma visão histórica. Trata-se do descobrimento da Bahia, compreendendo diversas ocorrências do Brasil, ritos, tradições, índios, aspectos políticos e naturais.
Foi em 1781 que se publicou o poema Caramuru pelo poeta Durão, considerado um dos poetas brasileiros de Minas Gerais mais antiquado que impôs em sua obra inspirações religiosas. Durão publicou esse poema baseado no livro “Uruguai” de José Basílio da Gama.
O contexto do poema em meio a análise em linhas gerais remete a consonância de comparações de outras escritas com a obra ‘’Caramuru’’. Uma vez que é de cunho ou entendimento singular mostrando ainda as suas relevâncias em meio a mesma.
Sendo assim é extremamente relevante que se leve em consideração os apontamentos feitos durante o discorrer de todo o texto uma vez que em suma o que é sintetizado para tal compreensão é tão somente a relevância textual da obra “Caramuru’’.
Ainda vemos as comparações e ilustrações eruditas em meio a duas estrofes que seguem como exemplo emergindo ainda mais a questão do exótico e exuberante, sendo que se passa digamos em uma época tão secular ao tempo de hoje. Em síntese, a obra releva e conceitua em meio a analise a exuberância e tradição em linhas gerais de um comando de possibilidades ao qual se cria em meio o poema uma beleza de distinção e disposição retratada.
As ideias
As ideias do poeta Santa Rita Durão são voltadas para a vida indígena. Durão foi pioneiro na análise de vida dos índios; em sua obra vê-se a descrição fiel de como os nativos viviam, da sua cultura com as danças e os sacrifícios e até a construção das aldeias indígenas, diferentemente de Basílio da Gama que só enaltecia a fantasia do índio.
Além de ser criador do indianismo no Brasil, Durão também se utiliza da religiosidade que dá uma base muito forte e certo significado a epopeia Caramuru, onde há intensa e sincera visão religiosa. Ele descrevia a religião porque acreditava de fato nela e não meramente falando.
Para compreendermos a obra precisamos entender que ele usou a religião com um sistema de ideias. O ideal de religião aparece em Caramuru com princípio básico para um caminho iluminado, deixando a ideia de colonização em segundo plano e centrando-se para a catequese que seria a porta de entrada para os que ainda andavam “sem rumo”, ou seja, não tinham religião.
Diferente de outras obras satíricas, Caramuru não se insere no contexto leigo e civil em relação à religião. Sua ambiguidade de sentidos que mesclam traços de diversos pensamentos religiosos é o que provoca o efeito de uma literatura nova e diferente aos olhos da sociedade da época.
Embora a obra esteja voltada para a questão religiosa e para a conversão dos indígenas, encontram-se na obra em alguns momentos, ideias que remetem a admiração à vida livre e autêntica levada pelos índios. Entretanto, tal admiração foi utilizada como forma de voltar à identidade natural de lendas e crenças ao ideal religioso bíblico, isto é, a própria cultura indígena serviu de base para a imposição da religião dos colonizadores.
Assim, a religião é tratada como caminho para uma vida feliz, justa e pacífica, sendo os conceitos divinos tratados como leis e que a providência ajudaria aos fiéis convertidos, principalmente os brancos, em conquistas futuras.
A execução
Segundo Antônio Candido, Durão se deleita na narrativa e na descrição evidentemente provado através da embriagues e arrebatamento em suas palavras. Esse poder dado a suas palavras pode ser comprovado através da análise poética do Caramuru o que o difere de outros poetas mineiros.             
Durão discorre muitas vezes no “erro” quanto à monotonia e a prolixidade em dados momentos, semelhantes a oradores que não conseguem delimitar precisamente o que devem dizer, porém, para CANDIDO, tal excesso nos conjuntos é compensado muitas vezes pela riqueza de detalhes no qual através de imagens, da “fuga” ao exagero e de conceitos denota-se percepção viva e transmissão clarividente do essencial.
Durão demostra todo o conhecimento, discernimento das paixões e também visão intelectual perceptível através das imagens intelectuais ou prolongamento de um estilo Conceptista barroco vendo nele uma das formas de criação poética. Porém nota-se considerável presença de traços e/ou resquícios Cultistas em que a forma elaborada do dizer marca esse complexo sistema poético.


Sensibilidade tumultuosa
O Frei José de Santa Rita Durão era bastante inteligente, aculturado e rico em experiência. Quanto a recuperação espiritual não se sabe se mais aprecia a precisão nervosa do estilo ou a sinceridade integral que o aproxima de Santo Agostinho. “Sinceridade pura, sem rodeios nem esperança de perdão e por isso mesmo capaz de esquadrinhar a alma sem complacência”.
           
Ele foi reconstituído, após ter perdido o seu equilíbrio moral e voltou a brilhar, venceu a debilidade corporal que existia nele devido ao rigor das paixões. O Caramuru, obra sua terminada em 1978, simboliza sua vida, mostrando questões como a religião e civilidade e suas aventuras na tentativa de supera-se a si mesmo, mostrar em síntese sua vida.  

  ALZILEIDE DE LIMA SABINO AZEVEDO




Referências:

CANDIDO, Antônio. Coleção Reconquista Do Brasil (2ª SÉRIE). In _____ Santa Rita Durão. São Paulo: Editora Itatiaia Limitada, 1993. P. 169-178.




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