Resenha Literária:
Santa Rita Durão
Teve
grande participação política. Foi orador e poeta além de ser considerado o
criador do Indianismo no Brasil. Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Cata
Preta - MG (1720-1784) e mudou-se para a Europa aos 11 anos de idade, onde
“Santa Rita Durão foi influenciado por gerações: Embora pertença à geração de
Claudio, é na de Gonzaga que escreve e publica Caramuru, um poema épico
num estilo neocamoneano em que resquícios cultistas se misturam a traços da
cosmovisão do seu tempo.” (pág.169)
Esse
estilo neocamoneano envolvia tanto o Arcadismo ou Neoclassicismo quanto as
influências de Camões. O período Neoclássico foi marcado por diversas
influenciais e aspectos da antiguidade greco-romana em que pretendendo retomar
o estilo clássico alguns de autores imitavam, não de uma forma pura, mas de uma
nova maneira vivida naquele período.
Assim
como os renascentistas, os escritores árcades seguindo esse objetivo, ou seja,
de voltar ao Classicismo, observavam as considerações artísticas abordadas
naquele período, como a razão e a ciência, conceitos oriundos do Iluminismo.
De
suas produções poéticas, ficou o poema épico Caramuru (Lisboa, 1871) a primeira
obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil feito à imitação direta de Os
Lusíadas, de Camões imitando o poeta clássico assim como faziam os outros
neoclássicos (árcades).
Durão
representa considerações de tradições inseridas em ideias modernas e de ideias
modernas vincadas pela tradição, encontrando nestas, condições favoráveis à
sobrevivência. Tais tradição vivida na época, em um todo, agindo sobre o seu
espirito, aproximou-o virtualmente dos contemporâneos dando hoje, segundo
Antônio Cândido a ideia de um homem não apenas arcaizante puro e simples, mas
um homem do seu tempo enquadrado na tradição épica.
O poema
O
Caramuru é um poema épico narrativo que engloba a etnografia, história de
diferentes culturas. Possui elementos tradicionais de heróis, relata o contato
de povos diversos e aborda uma visão histórica. Trata-se do descobrimento da
Bahia, compreendendo diversas ocorrências do Brasil, ritos, tradições, índios,
aspectos políticos e naturais.
Foi
em 1781 que se publicou o poema Caramuru pelo poeta Durão, considerado um dos
poetas brasileiros de Minas Gerais mais antiquado que impôs em sua obra
inspirações religiosas. Durão publicou esse poema baseado no livro “Uruguai” de
José Basílio da Gama.
O
contexto do poema em meio a análise em linhas gerais remete a consonância de
comparações de outras escritas com a obra ‘’Caramuru’’. Uma vez que é de cunho
ou entendimento singular mostrando ainda as suas relevâncias em meio a mesma.
Sendo
assim é extremamente relevante que se leve em consideração os apontamentos
feitos durante o discorrer de todo o texto uma vez que em suma o que é
sintetizado para tal compreensão é tão somente a relevância textual da obra
“Caramuru’’.
Ainda
vemos as comparações e ilustrações eruditas em meio a duas estrofes que seguem
como exemplo emergindo ainda mais a questão do exótico e exuberante, sendo que
se passa digamos em uma época tão secular ao tempo de hoje. Em síntese, a obra
releva e conceitua em meio a analise a exuberância e tradição em linhas gerais
de um comando de possibilidades ao qual se cria em meio o poema uma beleza de
distinção e disposição retratada.
As ideias
As
ideias do poeta Santa Rita Durão são voltadas para a vida indígena. Durão foi
pioneiro na análise de vida dos índios; em sua obra vê-se a descrição fiel de
como os nativos viviam, da sua cultura com as danças e os sacrifícios e até a
construção das aldeias indígenas, diferentemente de Basílio da Gama que só
enaltecia a fantasia do índio.
Além
de ser criador do indianismo no Brasil, Durão também se utiliza da
religiosidade que dá uma base muito forte e certo significado a epopeia
Caramuru, onde há intensa e sincera visão religiosa. Ele descrevia a religião
porque acreditava de fato nela e não meramente falando.
Para
compreendermos a obra precisamos entender que ele usou a religião com um
sistema de ideias. O ideal de religião aparece em Caramuru com princípio básico
para um caminho iluminado, deixando a ideia de colonização em segundo plano e
centrando-se para a catequese que seria a porta de entrada para os que ainda
andavam “sem rumo”, ou seja, não tinham religião.
Diferente
de outras obras satíricas, Caramuru não se insere no contexto leigo e civil em
relação à religião. Sua ambiguidade de sentidos que mesclam traços de diversos
pensamentos religiosos é o que provoca o efeito de uma literatura nova e
diferente aos olhos da sociedade da época.
Embora
a obra esteja voltada para a questão religiosa e para a conversão dos
indígenas, encontram-se na obra em alguns momentos, ideias que remetem a
admiração à vida livre e autêntica levada pelos índios. Entretanto, tal
admiração foi utilizada como forma de voltar à identidade natural de lendas e
crenças ao ideal religioso bíblico, isto é, a própria cultura indígena serviu
de base para a imposição da religião dos colonizadores.
Assim,
a religião é tratada como caminho para uma vida feliz, justa e pacífica, sendo
os conceitos divinos tratados como leis e que a providência ajudaria aos fiéis
convertidos, principalmente os brancos, em conquistas futuras.
A execução
Segundo
Antônio Candido, Durão se deleita na narrativa e na descrição evidentemente
provado através da embriagues e arrebatamento em suas palavras. Esse poder dado
a suas palavras pode ser comprovado através da análise poética do Caramuru o
que o difere de outros poetas mineiros.
Durão
discorre muitas vezes no “erro” quanto à monotonia e a prolixidade em dados
momentos, semelhantes a oradores que não conseguem delimitar precisamente o que
devem dizer, porém, para CANDIDO, tal excesso nos conjuntos é compensado muitas
vezes pela riqueza de detalhes no qual através de imagens, da “fuga” ao exagero
e de conceitos denota-se percepção viva e transmissão clarividente do
essencial.
Durão
demostra todo o conhecimento, discernimento das paixões e também visão
intelectual perceptível através das imagens intelectuais ou prolongamento de um
estilo Conceptista barroco vendo nele uma das formas de criação poética. Porém
nota-se considerável presença de traços e/ou resquícios Cultistas em que a
forma elaborada do dizer marca esse complexo sistema poético.
Sensibilidade tumultuosa
O Frei José de Santa Rita Durão era bastante inteligente, aculturado e rico em
experiência. Quanto a recuperação espiritual não se sabe se mais aprecia a
precisão nervosa do estilo ou a sinceridade integral que o aproxima de Santo
Agostinho. “Sinceridade pura, sem rodeios nem esperança de perdão e por isso
mesmo capaz de esquadrinhar a alma sem complacência”.
Ele
foi reconstituído, após ter perdido o seu equilíbrio moral e voltou a brilhar,
venceu a debilidade corporal que existia nele devido ao rigor das paixões. O
Caramuru, obra sua terminada em 1978, simboliza sua vida, mostrando questões
como a religião e civilidade e suas aventuras na tentativa de supera-se a si
mesmo, mostrar em síntese sua vida.
ALZILEIDE DE LIMA SABINO AZEVEDO
Referências:
CANDIDO,
Antônio. Coleção Reconquista Do Brasil (2ª SÉRIE). In _____ Santa Rita
Durão. São Paulo: Editora Itatiaia Limitada, 1993. P. 169-178.
LITERATURA,
Só. Santa Rita Durão. Disponível em <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/imagens/santa-rita-durao.jpg&imgrefurl=http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo04.php&h=228&w=221&sz=1&tbnid=Uw5SArCoQt3yeM:&tbnh=186&tbnw=180&zoom=1&usg=__ymnELxw07g98XES-YNmTddMJJmE=&docid=Ob_fnI0_E0Z5WM&itg=1&sa=X&ei=dkCyUdDDIaXN0wHTrIHACw&ved=0CHQQ_B0wCg>. Acesso em: jun. 2013
Caramuru:
poema épico do descobrimento da Bahia.
Disponível em <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://international.loc.gov/service/hisp/brfbnth/670527fr.gif&imgrefurl=http://international.loc.gov/intldl/brhtml/br-1/br-1-4-1-2.html&h=703&w=500&sz=219&tbnid=ARE6dk4DMiFGRM:&tbnh=96&tbnw=68&zoom=1&usg=__wGFgcUCmuwmC5aVYXVs_VYp0iQw=&docid=4HaOng1AdrUUHM&sa=X&ei=dkCyUdDDIaXN0wHTrIHACw&ved=0CHoQ_h0wDA>. Acesso em: jun. 2013
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